quarta-feira, 18 de março de 2009

DOUTORADO NA PUC - TEMA: Preguiça Baiano

Esse e-mail que acabei de receber me chamou a atenção pelo tema em questão:Preguiça Baiana.É de praxe certos esteriótipos, no entanto entre todos os rótulos já concebidos pelo imaginário popular um dos mais sem sentidos é aquele que nossos amigos baianos carregam.Na realidade, sem sentido uma "ova"( como diria minha exaltada vó), nas entrelinhas desta singela expressão se esconde as terríveis marcas do racismo.Essa foi a tese defendida pela professora Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas que desde já, a felicito pelo trabalho.Confiram o texto a seguir:

Preguiça Baiana: Máscara do Racismo
'Preguiça baiana' é faceta do racismo. A famosa 'malemolência' ou preguiçabaiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese dedoutorado defendida na PUC. A pesquisa que resultou nessa tese durouquatro anos.A tese, defendida no início de setembro pela professora deantropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasile contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de 'festaeterna'.Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da mão-de-obra da população atua no mercado informal,as festas são uma oportunidade de trabalho.
'Quem se diverte é o turista',diz a antropóloga.O objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu ese consolidou. Elisete concluiu, após quatro anos de pesquisas históricas,que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatórios contra osnegros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia.O estudo mostra que a elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio daelite portuguesa, que considerava os escravos indolentes e preguiçosos,devido às suas expressões faciais de desgosto e a lentidão na execução doserviço (como trabalhar bem-humorado em regime de escravidão??? ?).Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das migrações da década de 40. Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos.

Chamá-los de preguiçosos foi a forma de defesa encontrada para denegrir a imagem dos trabalhadores nordestinos (muito mais paraibanos do que propriamente baianos), taxando-os como desqualificados, estabelecendo fronteiras simbólicas entre dois mundos como forma de 'proteção' dos seus empregos.Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi,Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da imagem. 'Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nascidades industrializadas e urbanas.A preguiça, aí, aparece como uma especiaria que a Bahia oferece para o Brasil', diz Elisete. Até Caetano se contradiz quando vende uma imagem e diz: 'A fama não corresponde à realidade. Eu trabalho muito e vejo pessoas trabalhando na Bahia como emqualquer lugar do mundo'.Segundo a tese, a preguiça foi apropriada por outro segmento: a indústriado turismo, que incorporou a imagem para vender uma idéia de lazerpermanente 'Só que Salvador é uma das principais capitais industriais dopaís, com um ritmo tão urbano quanto o das demais cidades.'O maior pólo petroquímico do país está na Bahia, assim como o maior póloindustrial do norte e nordeste, crescendo de forma tão acelerada que,em cerca de 10 anos será o maior pólo industrial na América latina.Para tirar as conclusões acerca da origem do termo 'preguiça baiana', aantropóloga pesquisou em jornais de 1949 até 1985 e estudou o comportamento dos trabalhadores em empresas.





O estudo comprovou que ocalendário das festas não interfere no comparecimento ao trabalho. Oferiado de carnaval na Bahia coincide com o do resto do país. Os recessosde final de ano também. A única diferença é no São João (dia 24 /06), queé feriado em todo o norte e nordeste (e não só na Bahia).Em fevereiro (Carnaval) uma empresa, cuja sede encontra-se no PóloPetroquímico da Bahia, teve mais faltas na filial de São Paulo que na matriz baiana (sendoque o n° de funcionários na matriz é 50% maior do que na filial citada).Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que fica na Bahia, ganhou os dois prêmios de qualidade no trabalho dados pela Câmara Americana de Comércio(e foi a única do Brasil).
Pesquisas demonstram que é no Rio de Janeiro que existem mais dos chamados'desocupados' (pessoas em faixa etária superior a 21 anos que transitam por shoppings, praias, ambientes de lazer e principalmente bares debairros durante os dias da semana entre 9 e 18h), considerando levantamento feito em todos os estados brasileiros. A Bahia aparece em 13°lugar.Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5 a 7 anos) que a Bahia é o melhor lugar para investimento industrial e turístico da América Latina, devido afatores como incentivos fiscais, recursos naturais e campo para o mercado ainda não saturado.

O investimento industrial e turístico tem atraído muitos recursos para o estado e inflando a economia, sobretudo deSalvador, o que tem feito inflar também o mercado financeiro(bancos,financeiras e empresas prestadoras de serviços como escritórios deadvocacia, empresas de auditoria, administradoras e lojas do terceirosetor).

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